Thomas Stevens (1884) e Annie Londonderry (1894), os primeiro homem e a primeira a mulher a dar a volta ao mundo em bicicleta, foram muito provavelmente os grandes impulsionadores do cicloturismo.
A verdade, é que estes feitos notabilíssimos já ocorreram há mais de 130 anos e desde essas datas a evolução da sociedade, da forma de vida, dos conceitos, das mentalidades e dos recursos evoluíram de uma forma brutal. É impossível imaginarmo-nos a fazer um passeio naquelas bicicletas, com aqueles trajes e naqueles caminhos, quanto mais fazer uma volta ao mundo naquelas condições.
Embora haja um cada vez maior número de pessoas a fazer a volta ao mundo de bicicleta, a descer a América, a fazer a volta a Europa, a atravessar a Ásia ou partes de Africa, com uma “mochila às costas” (bike packing), viagens que devem ser fascinantes, nestes últimos anos esta tipologia de turismo e de férias tem evoluído de uma forma significativa.
E nessa evolução tem aparecido algumas vertentes novas. Uma das quais, também ligada ao gosto por explorar e por descobrir, está mais conectada com questões ecológicas, da saúde e do bem-estar, à sensação de liberdade, de tranquilidade e de paz, do que propriamente à aventura e a uma actividade dita radical, aquilo a que chamamos CICLOTURISMO.
Na verdade, fruto de um aumento muito significativo de apaixonados por passeios de bicicleta, muitos deles em idade bem adulta, devido a factores que já mencionei num outro texto, têm sido criadas, um pouco por todo o Mundo, variadíssimas condições e infraestruturas para este tipo de turismo.
A evolução das bicicletas tem sido fantástica, tanto ao nível do conforto, como no que se refere à segurança e à performance. Para além disso, o aparecimento de bicicletas eléctricas tem sido uma autêntica revolução no sector, pois permitem pedalar com muito menor esforço.
A tecnologia, por outro lado, proporciona uma grande facilidade na obtenção de informação, na procura de rotas e numa boa orientação durante os passeios.
Ao nível de infraestruturas, o destaque vai para a construção de milhares de ciclovias e na forma como estão sinalizados muito milhares de quilómetros de percursos. Por exemplo, a EuroVelo, a Rede Europeia de Ciclovias, já cobre e une todos os países da Europa.
Ao nível de estruturas de apoio, há actualmente uma enorme rede de hotéis, hosteis, parques de campismo, redes de permuta de casa, etc., que facilita toda esta actividade.
Lojas de aluguer de bicicletas, oficinas e pontos para reparação de bicicletas, empresas e guias que organizam passeios e viagens por todo o mundo também não faltam.
Como vê o cicloturismo é um mundo em ebulição e prevê-se que terá um crescimento muito significativo nos próximos anos.
Afinal, percorrer desta forma simples as maravilhosas paisagens de Provence francesa, visitar os Castelos do Loire, atravessar os Países Baixos, descer o Danúbio, pedalar pelas históricas e lendárias aldeias italianas, pelas deslumbrantes paisagens escocesas ou irlandesas, pelos fiordes noruegueses, atravessar os EUA ou alguns países da América Latina, como o Perú, a Costa Rica ou Chile, etc., etc., a escolha é enorme.
E por cá, por Portugal, a oferta também é 5 estrelas.
Descer a Costa Vicentina ou o Rio Zêzere, fazer a Rota do Dão, do Douro ou do Vouga, os Caminhos de Fátima ou de Santiago, pedalar no Minho, no topo da Serra da Estrela, nas planícies alentejanas, nas Aldeias de Xisto, ou nos Açores, tudo isto tendo em conta que vai conhecer fantásticos restaurantes, pessoas maravilhosas e que vai conhecer cada um dos locais de forma muito autêntica, são só alguns exemplos de experiências que lhe poderão despertar uma enorme curiosidade e tentação.
